domingo, 18 de setembro de 2016

A caminho de Galway







No post anterior contei como foi a ida de Dublin até Cliffs of Moher de carro,saindo do Cliffs seguimos viagem em direção a Galway. A cidade de Galway fica no condado de Galway há aproximadamente  200 km de Dublin. Essa foi minha segunda visita a cidade e confesso que tenho vontade de voltar inúmeras vezes. Galway é puro charme! É  a quarta maior cidade da Irlanda não deixando por isso de ser bem pequenininha.  A atmosfera do lugar me encantou desde a primeira vez que estive por lá. O clima é de festa, jovem e descontraído. Eu arrisco dizer que trocaria Dublin por Galway facilmente. Claro que essa afirmação é feita com base apenas na minha visão de turista do local. Eu não sei dizer como seria morar lá de fato, condições de moradia, trabalho e transporte. Tenho essa impressão apenas porque a cidade me transmite uma paz que Dublin na minha opinião ainda não alcançou. Galway mantem caracteristicas muito peculiares por ainda preservar bastante a cultura irlandesa, lá é mais fácil encontrar moradores que falam gaélico do que em Dublin por exemplo.Para quem gosta de interior, calmaria, aprecia arte e música, a cidade é um prato cheio! Ela tem praticamente uma rua principal, a Quay Street que é palco de vários artistas de rua e tem vários pubs e restaurantes por toda sua extensão. É ótimo sentar nas mesinhas ao lado de fora dos pubs, tomar uma cerveja e comer a tradicional fish and chips observando o movimento!


Quay Street

Escultura de areia na Quay Street


Música tradicional irlandesa

 Enquanto a cidade de Dublin é cortada pelo rio Liffey, Galway é cortada pelo rio Corrib. Parar para admirar as casinhas coloridas na beira do rio Corrib é uma das coisas que mais gosto de fazer por lá, a paisagem é linda e a paz que transmite faz bem para alma. Ao final do rio Corrib existe o porto de Galway, igualmente charmoso, as pessoas se juntam por ali para relaxar, fazer um picnic,sentam sozinhas as margens do rio para admirar o por do sol. Aquelas coisas que encantam a menina aqui, criada em São Paulo capital. 

Rio Corrib


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Parada: Cliffs of Moher!





Os últimos dias tem sido muito felizes e especiais! Estou de férias do trabalho e minha mãe e minha irmã vieram passar uns dias comigo. Muita alegria junta! Tivemos 5 dias juntos em Dublin e separamos um deles para conhecer Cliffs of Moher e Galway. Eu e o Rafa já tínhamos feito esse passeio de ônibus pela Paddywagon pagando €50,00 por pessoa. Eu pessoalmente não gosto muito de fazer passeios turísticos em excursão por conta dos horários limitados para conhecer cada lugar, por essa razão alugamos um carro dessa vez e assim tivemos liberdade para gastar nosso tempo como queríamos durante o percurso. A diária do aluguel do carro custou €80,00 pela Hertz então financeiramente essa escolha também compensou. Fomos primeiro em direção ao Cliffs of Moher! De Dublin até lá foram aproximadamente 3 horas. 
Os Cliffs of Moher ficam no condado de Clare, beirando o oceano Atlântico,  são penhascos gigantescos de onde se tem uma vista absolutamente privilegiada, é uma das principais atrações turísticas da Irlanda e entrou para a lista dos finalistas na lista das Sete Maravilhas do mundo.  Na extensão dos penhascos è possível ver as marcas feitas pela água com o passar dos anos, as marcas mais antigas tem mais de 300 milhões de anos. A estrada até lá é muito boa e bem sinalizada. Após 1 hora de estrada passamos por um pedágio de € 1,90 para veículo simples. Paramos no caminho num vilarejo chamado Moneygall para comer e ir ao banheiro no complexo Barack Obama Plaza. Sim, isso mesmo! Barack Obama Plaza num vilarejo na Irlanda. Tinha um americano no carro com a gente que chocado disse que nem nos EUA já tinha visto algo parecido. 


O lugar tem souvenirs com o rosto do Obama estampado e fotos dele por todos os cantos,parece um centro de adoração ao Presidente. Mas que maluquice é essa? Bom, a história diz que Falmouth Kearney, tatataravô materno de Obama, nasceu em Moneygall e saiu de lá para morar em Nova York aos 19 anos. Por conta dessa ligação, em 2011 Obama e a primeira dama Michele Obama, visitaram Moneygall como parte da visita a Irlanda. Eles foram recepcionados na cidade por mais de 5 mil pessoas e Obama chegou a entrar na casa que Kearney viveu. Depois disso foi construído o Barack Obama Plaza em homenagem ao Presidente. 
De volta a estrada, nos aproximando mais do nosso destino vimos muitas placas indicando aulas de surf no Cliffs e aluguel de pranchas. Uma das maiores ondas do mundo podem ser encontradas no Cliffs oh Moher. Ainda que seja considerado perigoso, existem pessoas que surfam nas praias aos arredores dos Cliffs. 
 Três horas de estrada depois, finalmente chegamos! É bom escolher um dia com tempo bom para fazer esse passeio, porque se o tempo não colabora a vista fica completamente coberta lá de cima! Logo na chegada encontramos dois estacionamentos, um para ônibus e outro para carros onde cobram entrada de €6,00 por adulto. Achei estranha essa cobrança quando chegamos mas depois entendi que por conta do complexo construído em volta do local para receber visitantes, é cobrada essa taxa para manutenção. Foram construídas escadarias para que se chegue ao topo e ainda lá embaixo tem algumas lojinhas de artesanatos e souvenirs, algumas lanchonetes, banheiro e um pequeno museu com informações, fotos e história do local. 


A visita foi ótima, a vista estava incrível graças ao tempo que colaborou mas bem lá no topo tinha uma quantidade de moscas absurda. Foi chato ao ponto de se evitar falar para não entrar mosca na boca. Não sei dizer se é sempre assim. Enquanto minha irmã gritava e dançava para tirar as moscas de dentro das roupas dela, passa uma mulher e diz:
   - Essa quantidade de moscas só aparece uma vez ao ano!
Então não sei se fomos super presenteadas mas numa próxima eu usaria e aconselho quem for a levar um repelente para tentar dar uma amenizada! Inconvenientes a parte, a vista é maravilhosa e para quem curte lindas paisagens é uma parada obrigatória. No próximo post vou falar sobre a continuação da viagem até Galway! 


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Deu praia!






E aqui estou eu meio atrasada de novo! Dessa vez querendo contar um pouco por vez sobre nossas andanças aqui pela Ilha Esmeralda. No SNAP: claudiacabral16 ainda consigo registrar momentos em Dublin com mais frequência! A vida anda corrida e os dias bem curtos. Eu e o Rafa temos aproveitado os finais de semana para sair e conhecer novos lugares. Durante a semana ainda está complicado arrumar tempo. Essa coisa de criar raiz em outro país nos toma muita energia e muito tempo. Se te falta raça e força de vontade, é melhor nem vir! Mas vamos falar logo sobre nossas "turistadas": Aqui em Dublin a maioria das atrações turísticas são gratuitas ou cobram um valor bem justo de entrada. Para que gosta de história, a cidade é um museu a céu aberto. E é essa "velharia" tão cheia de charme  que enche meus olhos na Europa.  Cada cantinho, cada monumento e pedaço de arquitetura tem centenas e centenas de anos de história para contar. Há algumas semanas o tempo surpreendeu pela pouca chuva e altas temperaturas. Entende-se aqui como altas temperaturas algo que varia entre 18 °C e 22°C. Nesse post vou contar um pouco sobre nossa ida a Portmarnock que fica na região norte de Dublin entre Baldoyle e  Malahide, onde se tem um dos castelos mais visitados da Irlanda. Em Portmarnock fica um dos principais campos de golfe do pais. Antigamente, Portmarnock era utilizada como pista de decolagem para aeronaves que passavam pelo oceano Atlântico. Por esse motivo hoje existe um monumento no formato de um globo terrestre no local para homenagear essa fase da história da Irlanda. 



Até  o momento, essa foi a praia mais semelhante as do Brasil que encontramos por aqui. Para quem estiver em Dublin e quiser ir conhecer o caminho é bem simples! Nós pegamos o ônibus 32 na Talbot Street que é paralela a O'Connel Street ( principal rua de Dublin). Para quem usa o Leapcard ( que é um cartão semelhante ao Bilhete Único de São Paulo), a passagem sai €2,60 a ida e € 2,60 a volta. O trajeto dura aproximadamente 50 minutos e a ida não foi tão confortável porque a ideia de ir à praia foi minha, do Rafa e de metade da população da Irlanda. Ou seja, fomos em pé porque não tinha mais lugar para sentar. Mas calma! Fomos em pé com dignidade tá? Não foi nada perto da estação Sé do metrô de São Paulo as 18:00 hrs. Paulistanos entenderão. 



Esse pequeno empecilho foi compensado quando chegamos a praia! Areia branquinha, fofa e uma imensidão de água muito gelada pela frente! A praia estava super limpa, cheia de crianças e também cheia de silêncio. Confesso que nessas horas sinto falta de um sonzinho animado, uma cervejinha e uma porção de camarão empanado para acompanhar. Ah...que sonho! Aqui não tem nada disso, é proibido consumir bebida alcóolica  em locais públicos, não existem vendedores ambulantes e nem quiosques. A maioria das pessoas leva uma cesta com comida de casa e fazem um piquinique na areia mesmo.Para não dizer que não tem nada, quando estávamos indo embora encontramos três foodtrucks bem simples em uma das pontas da praia. Um de sorvete e os outros dois vendendo hamburguer e hot dog. Ainda estou tentando aceitar a combinação de hot dog, hambúrguer e praia. Bom, aceitações a parte, a experiência foi super válida e o lugar é lindo. Super recomendamos! 



 

domingo, 19 de junho de 2016

Trabalho na Irlanda!



Esse é o primeiro post sobre trabalho aqui no Meu Casaco Viajante! Além do blog, também mostro no snapchat um pouquinho do nosso cotidiano aqui na Irlanda, incluindo a rotina de trabalho. 

Sigam no SNAP: claudiacabral16

Provavelmente um dos maiores medos e inseguranças que surgem em quem está mudando de país e não tem dinheiro para se manter por longos períodos sem trabalhar é: E se eu não arrumar um emprego?
Na minha opinião procurar emprego em um pais estrangeiro não é tarefa fácil para ninguém mas se deixarmos a mente ir na onda do: E se isso ou aquilo der errado, não damos um passo nem para fora de casa.Conseguir um emprego para sustentar as contas e principalmente o aluguel caríssimo aqui em Dublin era uma grande preocupação para mim.Mas agora por experiência própria posso dizer que emprego não falta para quem não tem medo trabalhar. É claro que alguns pontos vão colaborar para que se consiga um trabalho mais rápido! 
Acredito que sejam dois os pontos principais:
O tipo de visto de trabalho: Tendo permissão para trabalhar obviamente abre portas. Dependendo do visto varia a carga horária que sera permitida trabalhar. Para quem tem a cidadania europeia, não é necessário visto de trabalho e não existe limite de carga horária também. 
O nível de inglês: Quanto melhor a fluência, capacidade de entender e se fazer entender, mais e melhores oportunidades de emprego poderão surgir. Resumindo: Tendo um bom nível de inglês e permissão para trabalhar fica tudo mais simples. Eu mandei currículo para tudo quanto é lugar! Fiz isso online através de sites como: Jobs.ie, Irish Jobs,Mind.me, pesquisei  vagas em agências de recrutamento em Dublin,comunidades no Facebook e também sai na rua entregando currículos em bares, restaurantes e tudo o que eu via pela frente. Em uma semana surgiram muitas entrevistas, oportunidades garantidas e algumas faltas de retorno também, é claro. No final das contas encontrei uma oportunidade no site Mind.me para trabalhar como babá, fiz uma entrevista e escolhi começar dessa forma. No momento eu trabalho na Irlanda como babá para uma família irlandesa bem tradicional. Trabalho muito e a responsabilidade é imensa. Entretanto, o salário paga meu aluguel, minhas contas, minha diversão e ainda consigo juntar grana para fazer o que eu mais amo na vida: viajar. 
Na época em que fiz muitas entrevistas, cheguei também a fazer entrevistas em empresas e tive um feedback  muito bom dos recrutadores. Não tive como me dedicar mais tempo a a disputar vagas mais bacanas no mundo corporativo porque precisava garantir as contas pagas pelo menos nos primeiros meses. 
Infelizmente se você não tem como trazer uma quantia de dinheiro suficiente para se manter vários meses sem trabalhar só procurando emprego, você acaba tendo que esperar um pouco para atingir seus objetivos profissionais. Mas para tudo tem solução e  assim que estiver mais estabilizada financeiramente minha ideia é me dedicar a vagas melhores, voltar a estudar, fazer um curso de extensão voltado a minha área. Que fique bem claro: esse processo todo não é fácil e não é rápido! Encontrar uma boa oportunidade e disputar vagas de trabalho com irlandeses demanda tempo, disciplina e muita forca de vontade.
 Mas tenho sempre em mente que não importa que trabalho você tenha nessa vida, faça da melhor forma que você puder fazer. Se voce não veio para a Irlanda ou para qualquer outro pais transferido por alguma empresa com uma posição garantida, é bem possível que no início da estrada você se sujeite a fazer trabalhos mais pesados, trabalhos que costumam sobrar para os imigrantes. Ainda assim, o trabalho duro aqui proporciona uma vida digna. Tenho vivido e não sobrevivido. Tenho aproveitado mais a vida, tenho me sentido livre e segura. Enquanto nesse início de vida nova ainda não posso me dedicar aos meus objetivos futuros, trabalho como babá.  Tem sido uma experiência valiosa. Pela segunda vez vivo a rotina de um país diferente e continuo afirmando que isso é algo que não tem preço.  Isso permite a vivência em uma cultura nova todos os dias, conhecer valores e costumes diferentes. Você começa a dar valor a qualquer tipo de trabalho. A mente se abre e os pontos de vista se multiplicam. Não se trata somente de limpar bunda de nenéns estrangeiros!

 “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. 
  Albert Einstein




domingo, 29 de maio de 2016

65 dias de Irlanda!


Antes de mais nada: A idéia não era  postar aqui no blog uma vez a cada dois meses! A verdade é que aquela avalanche de informações e situações novas que veio junto com a mudança passou por cima de mim e ontem quando me dei conta, já estava vivendo meu sexagésimo quarto dia de Irlanda. Antes de chegar aqui, ainda no Brasil, eu e o Rafa fizemos muitas pesquisas, traçamos um plano para virmos o mais preparados possível em questões financeiras e até emocionais. O que eu posso dizer agora com experiência de caso é que ter planejamento e o máximo de informações possíveis ajudou muito sim mas nem o melhor plano do mundo te livra de algumas surpresas. Chegamos em Dublin no dia 24 de março,estava muito frio, mais do que eu pensei que estaria. Achei a cidade linda logo de cara, aquele charme que só a Europa tem,as pessoas se mostraram receptivas e cordiais mas acredito que qualquer mudança brusca cause estranhamento. Estranhei a comida e o sotaque irlandês principalmente. Que sotaque carregado.
 Nós tinhamos alugado um quarto para ficar por 30 dias pelo Airbnb e durante esse tempo iriamos pesquisar casas para morar. Acabamos ficando nesse quarto por 20 dias até encontrarmos um lugar para morar somente nós dois. Bom, encontrar um lugar para morar em Dublin é como procurar uma agulha no palheiro. A procura é imensa e consequentemente os preços são exorbitantes e assustadores. Até para agendar uma visita num imóvel é complicado,é difícil conseguir um lugar na fila para ir ao menos visitar. Normalmente os landlords (proprietários das casas) exigem que você tenha referencias de landlords anteriores sobre seu perfil como inquilino, entre outras burocracias. 
Praticamente todos os landlords exigem que a mudança para a nova casa seja imediata, não existe muito tempo para analisar ou pensar se você vai querer alugar ou não, enquanto você pensa, outro já fechou negócio e alugou o local que você tinha como opção. Depois de muita procura e uma pitadinha de desespero, conseguimos encontrar nosso cantinho e o primeiro desafio foi cumprido! Encontramos nosso studio através de um anuncio no Facebook em uma comunidade para brasileiros na Irlanda. Essas comunidades ajudam bastante porque tem sempre pessoas procurando e oferecendo casas, apartamentos e quartos. Procuramos bastante no Daft e no MyHome também, esses sites são bastante utilizados aqui na Irlanda e são bem eficientes.
 Quanto mais perto do centro se mora, mais caro fica. Eu e o Rafa moramos há menos de 10 minutos andando do centro de Dublin. No nosso caso, pagamos caro pela localização mas economizamos bastante com transporte porque fazemos praticamente tudo a pé. Dublin é uma cidade incrível para se andar a pé! A cidade é pequena e tudo é muito perto. Para nós então que viemos de uma cidade como São Paulo,o que é longe para um irlandês é logo ali na nossa concepção.  Nós moramos em um studio bem pequeno mas muito arrumadinho. A vista que temos do nosso quarto é maravilhosa e compensa o inconveniente de morar em lugar pequeno. 
Estamos perto de tudo: mercado,farmácia,lojas de conveniência,pontos de ônibus. Tudo isso faz a vida ficar mais cômoda.  Falando em locomoção, definitivamente em Dublin não é necessário ter um carro. Você pode optar por ter um carro porque gosta ou porque quer mais conforto mas se movimentar pela cidade sem um carro é muito tranquilo. O transporte funciona, é pontual, limpo e raramente fica muito cheio. A cada dia que passa nos adaptamos mais a nossa nova rotina e a nossa nova casa. Meu segundo grande desafio foi arrumar um trabalho para pagar as contas e o tal aluguel exorbitante. E essa história vai ficar para o próximo post que virá muito em breve!

quinta-feira, 17 de março de 2016

SOBRE O VALOR DO TEMPO...






E eu achei que teria tempo o bastante para arrumar minhas coisas antes da viagem. Mas parece que o tempo nunca é suficiente, ele corre e escapa pelos  dedos. Tenho vivido semanas intensas. São tantas coisas passando pela cabeça que se pensa em tudo e não se pensa em nada. Aproveitei essas últimas semanas para organizar minha vida, assisti mais filmes do que de costume com meus pais, dormi mais noites com a minha Sophia, dediquei mais tempo para jogar bolinhas para o meu Thor, encontrei  amigos especiais para um jantarzinho, mandei mais mensagens perguntando como eles estavam e dormir esparramada na minha cama foi mais gostoso do que o de costume. 

Saber que em pouco dias estarei longe por tempo indeterminado deu uma intensidade maior aos momentos corriqueiros da minha vida. Sem notar eu aproveitei ao máximo  meu tempo ao lado de pessoas que considero importantes. Coisas que esquecemos de fazer na correria do dia a dia, deixamos para marcar aquela cervejinha depois, fazer aquela ligação na semana seguinte,levar o cachorro pra passear amanhã.  Nessas últimas semanas me peguei pensando bem antes de dar qualquer resposta atravessada a quem quer que fosse, deixei aquela reclamação a fazer para mais tarde e quando o mais tarde chegou, eu já nem lembrava mais o porque da minha insatisfação.

 Nos últimos dias tive inconscientemente minha alma invadida por um nível de tolerância maior do que o normal. Fui mais paciente, serena, tive mais capacidade de relevar o que vai contra minhas opiniões. Difícil explicar porque vivemos nossas vidas como se as relações fossem eternas ou porque só tomamos consciência de algumas coisas quando estamos próximos de perdê-las ou de tê-las mais distantes. Perdemos a paciência hoje contando com o dia de amanhã para nos desculpar, deixamos para mudar de atitude na semana que vem e agimos como se tivéssemos todo tempo do mundo.
Como não valeu a pena aquela discussão por coisas tolas, aquela patada que você deu em alguém porque acordou de mau humor. Tenho olhado mais nos olhos das pessoas,abraçado sempre que tenho vontade. Porque agimos como se tudo fosse eterno? Podemos ser melhores agora mesmo...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Chutamos o balde! We're ready to go!





Pouco tempo se passou desde que decidimos ir para a Irlanda e nesse tempinho conseguimos resolver pelo menos o essencial para o início da nossa caminhada. Temos passagens e um lugar para ficar. Pesquisamos passagens dia e noite em diferentes horários,simulamos inúmeras datas e no fim das contas chegamos a conclusão de que as passagens ficam mais baratas em Março e Abril. Não sei dizer se isso varia de ano para ano mas por fim decidimos ir em Março. 

Eu não imaginei que seria tão logo! Passagens compradas, meu coração palpitando, eu querendo gritar de felicidade ,chorar de susto e o Sr. Rafael calmo, sereno e tranquilo. Ou pelo menos, um zilhão de vezes melhor do que eu em disfarçar o tsunami que acontecia dentro de mim. Depois disso começamos rapidamente a procurar um lugar para morar. E aí surgem mil dúvidas: Em que região ficar? Qual bairro é bom? Qual tem o melhor custo benefício? O que fica perto do que? Entre uma pesquisa e outra ouvi muito falar que achar um lugar para morar em Dublin era como procurar uma agulha no palheiro. Nessas últimas semanas procurando já percebemos que realmente não é tão simples. 

A ideia inicial era alugar uma casa por 15 dias pelo Airbnb e durante essas duas semanas de estadia procurar um lugar definitivo para ficar mas foi tão difícil conseguir pelo site que quando conseguimos, esticamos nossa estadia para 30 dias e assim teremos mais tempo hábil para achar uma casa ou apartamento legal para morar. O grande desafio é: encontrar um local com preço acessível que não seja tão distante do centro e que seja relativamente perto dos nossos futuros locais de trabalho e estudo. 

Nesse primeiro mês alugamos um quarto numa casa bem próxima ao centro de Dublin. Nela mora um casal de irlandeses e poderemos utilizar as áreas comuns da casa incluindo a cozinha! Da cozinha não queríamos abrir mão porque além de amarmos cozinhar, dá para economizar bastante não precisando comer fora todos os dias. Como ainda não sabemos ao certo qual será nosso novo custo de vida, a ordem inicial é economizar ao máximo. 

Agora estando em meados de Fevereiro e tendo as duas principais necessidades resolvidas, sigo concluindo o que deixo por aqui. Organizando as coisas no trabalho, fazendo consultas médicas, providenciando documentos finais e principalmente aproveitando ao máximo a companhia da minha família, dos meus anjinhos de 4 patas e amigos! 

E porque não curtindo o calor, tomando nossa cervejinha aguada e agradecendo todos os dias a Deus pelas oportunidades sem lamentações e muito menos despedidas. Passaremos as próximas semanas nos preparamos para um "Até logo" e quando o dia chegar iremos de braços abertos ao encontro do novo! 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Escolhendo em Qual País Morar




Hoje venho dividir com vocês, o nosso processo de pesquisa para escolher um lugar para morar. Uma das minhas características mais fortes sempre foi impulsividade. Sempre "me joguei" nas experiências e situações que eu almejei na vida. Hoje em dia, por ter uma maravilhosa forcinha exterior ao meu lado chamada Rafael, eu venho aprendendo o quanto é importante planejar e dessa forma tenho conseguido manter minha impulsividade em uma posição saudável entre o 8 e 80. 

Para planejar essa viagem procurei pesquisar e ler bastante sobre os países candidatos a nossa próxima morada. Para fazer a escolha não  levamos em conta somente nossa vontade, consideramos também os locais que mais colaborariam com as nossas condições. Por sorte, eu e o Rafael temos cidadania européia. Eu sou filha de português e ele é neto. Isso facilita bastante a vida dependendo do lugar que for escolhido. A dupla cidadania torna mais fácil os  processos de vistos para países fora da União Européia como: Estados Unidos e Canadá, por exemplo. 

Para entrar nos Estados Unidos não precisamos de visto, apenas apresentamos uma autorização chamada  ESTA – Electronic System for Travel Authorization e pronto! Podemos trabalhar legalmente  em qualquer país da Europa, abrir empresa e conta bancária fica mais simples, passamos direto pela imigração, a fila para quem tem passaporte europeu anda muito mais rápido,escapamos de grandes e chatos questionamentos em aeroportos, podemos circular livremente pela Europa entre outros benefícios. Ainda com essas vantagens, não descartamos ir para países fora da União Européia.  Incluímos na lista países onde o inglês é a língua oficial ou pelo menos umas das línguas oficiais.  Então, apresentamos aqui as nossas opções: Austrália, Canadá, Estados Unidos, Irlanda e Inglaterra. Perfeito! Saímos do zero! 

Mas por onde começar? Bom, eu primeiro procurei saber qual era a documentação exigida por cada país, cada um tem suas leis, regulamentações e esse fator pode fazer toda a diferença no quesito grana, money, bufunfa! Quanto maior o número de exigências, maior será o gasto com vistos, vacinas, seguro saúde e outras possíveis regras para entrada. Sendo assim,  estipulamos quais seriam os gastos imediatos para o início da nossa jornada em cada um desses países. Consideramos alguns ítens como gastos pontuais: visto de entrada, visto de estudante e passagem aérea. Mais para frente virão os gastos que envolvem a mudança de fato; isso já inclui valor de aluguel, luz, água, supermercado, transporte,entre outras coisas. É claro que é complicado prever o custo de vida em uma cidade desconhecida. 

Para fazer isso eu usei duas ferramentas que foram de extrema importância! A primeira delas: Pessoas. Sim! Nada melhor do que conversar com pessoas que vivenciam  o dia a dia de cada cidade para ter uma noção mais próxima da realidade. Aproveitei minha família e amigos espalhados pelo mundo para me ajudar nessa. Na internet também deu para encontrar inúmeros vídeos de brasileiros relatando suas experiências no exterior e muitos comentam sobre o custo de vida das cidades. É importante lembrar que esse cálculo depende muito do estilo de vida que cada pessoa pretende levar, por isso é difícil chegar a um número exato. Nesse ponto,  a segunda ferramenta me ajudou muito. O nome dela é Numbeo. Trata-se  de um site que ajuda você a prever gastos com aluguel, compras no supermercado, refeições em restaurantes, transporte entre outras coisas. Para fazer a estimativa, ele se baseia em algumas questões sobre seu estilo de vida.

É possível inclusive detalhar as quantidades do que você costuma comprar mensalmente: ítens de supermercado, corridas de táxi, uso de transporte público, compra de roupas, idas a bares e restaurantes, entre outros. Obviamente que como em qualquer plataforma colaborativa, existem possíveis imprecisões e erros entre os dados. Por essa razão depois da pesquisa, pedi para cada um dos conhecidos que tenho vivendo nesses locais analisarem as informações e assim concluímos que grande parte do que estava ali era compatível com a realidade. O Numbeo também oferece informações  sobre índice de violência, qualidade de vida, trânsito, poluição existente em cada cidade e levamos tudo isso em consideração na hora de pesar nossa escolha. 

As cinco opções de países oferecem melhor qualidade de vida e maior segurança comparadas ao Brasil.Eu confesso que minha escolha sempre pendeu fortemente para o Canadá. Quando eu vim embora deixei um pedacinho do meu coração ali, nunca me senti tão em casa como me sinto por lá. Mas ao mesmo tempo, a idéia de viver uma nova experiência em um lugar ainda desconhecido é bastante sedutora. Países como Austrália implicariam em gastos maiores com visto de entrada, seguro saúde, e burocracia para trabalhar legalmente. No Canadá e Estados Unidos não teríamos gastos com a entrada mas em compensação temos que estar vinculados a algum curso para termos o direito de trabalhar por algumas horas por semana. Resumindo, para quem está ganhando em real e possui cidadania européia, os destinos mais em conta estão mesmo na Europa. 

Continuaram na disputa então: Inglaterra e Irlanda. Ambos me fascinam exceto pelo clima. Mas como já foi dito no post anterior, a cada escolha, uma renúncia e ao que tudo indica teremos mesmo que renunciar ao clima abençoado que temos aqui. Mas e agora? Qual destino escolher? Sentamos juntos, colocamos na balança, fizemos as contas, quebramos nossos porquinhos e sim, foi constatado que fizemos grandes esforços! Mas os esforços em reais ainda apareceram timidamente perto de uma Londres gasta em Libras.  

Por tanto, o nome da nossa nova morada é DUBLIN! 

Aguardem cenas dos próximos capítulos! 










sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Porque Viver Longe da Pátria Amada


Descobrir o porquê  de uma decisão é fundamental. Claro que ao decorrer da experiência, os porquês podem mudar e isso é absolutamente natural. Então primeiro vamos aos porquês do meu namorado: Ele quer viver a experiência de morar no exterior, conviver com culturas diferentes,se especializar na área dele através de algum curso e aperfeiçoar o inglês. Nossos porquês são  bem diferentes mas de alguma forma se encontraram e decidimos embarcar nessa aventura juntos. Os meus motivos são um pouco mais extensos e deixo muito claro aqui que não estou generalizando minhas opiniões. 

A verdade é que desde que eu voltei do Canadá , viver no Brasil, especialmente em São Paulo se tornou um desafio diário para mim. Não que antes de embarcar minha vida fosse perfeita, o que acontece é que ninguém sente falta do que não conhece e é por isso que a ignorância as vezes nos protege das frustrações. Pelo menos no meu caso, ela protegia. Eu cresci sabendo que morava em uma cidade violenta e que deveria estar sempre alerta as ameaças. Desde pequena quando minha família  chegava de carro a noite em casa, meu pai dava uma volta no quarteirão antes de abrir o portão da garagem. Isso para verificar se não tinha nada anormal na vizinhança ou alguma presença estranha perto de casa...era o tal alerta as ameaças. Essa rotina se mantém até os dias atuais e é tão natural quanto escovar os dentes pela manhã . É normal. NORMAL. O sentido dessa palavra mudou bastante para mim depois que eu voltei. As condições de vida do país  que eu nasci me fizeram acreditar que viver com medo é normal e antes de sair daqui eu nunca imaginei que a vida poderia ser diferente. Problemas o Brasil tem de monte e eles  existem não só aqui mas em qualquer lugar do mundo, é verdade. Mas para mim, o que mais pega é ter que conviver com a violência. Tenho a sensação de viver uma guerra civil permanente, saio de casa com medo de não voltar e quando as pessoas que eu amo saem, sou eu quem tem medo de que elas não voltem. Depois que eu experimentei a rotina de voltar para casa caminhando sozinha as três da manhã sentindo o vento frio bater no meu rosto sem me preocupar em olhar para trás freneticamente, eu me dei conta da tristeza da realidade que eu vivia aqui.

Além  disso, o dia a dia da maioria das pessoas em São Paulo, entende-se aqui como maioria aquelas pessoas que utilizam transporte público  e não  trabalham próximo as suas casas, é exaustivo... A mistura de um transporte superlotado com a falta de educação de grande parte da população quase sempre resulta em cenas de horror no metrô, onde as pessoas se empurram,se xingam e são  incapazes de compreender a lei que afirma que dois corpos não  ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Sim, eu já desci em estações que não  queria, porque a multidão te leva e você não tem escolha. Enquanto isso, uma infinidade de carros desfilam pelas ruas transportando somente uma ou duas pessoas,os motoristas desses mesmos carros frequentemente jogam papel de bala pela janela, passageiros do ônibus  superlotado jogam mais lixo pelos vidros,pedestres jogam bitucas de cigarro no chão.Mais tarde esse mesmo pedestre reclama do motorista do carro vazio que não  para na faixa para que ele atravesse e assim vamos vivendo nossos dias NORMAIS. 

Morar fora também é difícil , é verdade. São  perrengues diários...não existe realidade perfeita, não é?  O que existe são opções de escolha e renúncia . E eu pessoalmente renuncio ao clima maravilhoso da pátria amada, renuncio a maravilhosa gastronomia do nosso país  e dou lugar a liberdade de andar nas ruas sozinha sem medo de ser machucada, dou lugar a tirar um cochilo numa tarde embaixo de uma árvore  em praça pública como eu costumava fazer em Toronto. Dou lugar aos ensinamentos valiosos como aprender a não julgar, a  não  achar estranho quando alguém sai de casa de pijama porque não estava afim de se arrumar. Cada um vive sua vida a sua maneira e ninguém tem o direito de apontar para você na rua por conta disso. Hoje penso de forma diferente em relação a muitas coisas. Em Toronto eu também me dei conta do quão doentia é essa mentalidade de muitos homens  brasileiros que sentem-se no direito de encher a boca pra chamar uma mulher de gorda,magrela ou feia na balada, na rua, ou em qualquer lugar. Vivemos em uma sociedade que alimenta de forma desenfreada a adoração ao corpo perfeito e faz mulheres lindas à sua maneira sentirem-se antiquadas na própria pele. Eu aprendi a ser tolerante as diferenças, aprendi que é cena comum ver a faxineira e o diretor do banco comerem no mesmo restaurante e dividirem até  o mesmo acento no ônibus. Sim, o diretor do banco anda de ônibus  também. Ele não  acha que andar de ônibus  é coisa de pobre. O brasileiro acha isso, assim como acha bacana ostentar marcas nas suas roupas como se fosse uma árvore  de natal. 
Claro que nosso país também tem inúmeras   qualidades, senti falta de cada uma delas enquanto estive fora. As tais renúncias  doem, deixar o calor humano do nosso povo, deixar os amigos e família doí.  Mais uma vez, é uma questão de escolha. Com o que você é capaz de conviver? Qual o seu limite? O que realmente te faz feliz? 

No nosso relógio agora é hora de seguir em busca de algo a mais.Descobertas,experiências,perrengues,lições de vida,mais perrengues. Eu e meu namorado buscamos entendimento, crescimento pessoal, profissional, equilíbrio  emocional,liberdade e estamos construindo nossa coleção  de aprendizados. Esses nossos porquês em comum nos juntaram nessa caminhada.